segunda-feira, 6 de junho de 2016

Wasaburo Otake- o primeiro japones a morar no Brasil

Wasaburo Otake - primeiro japonês a residir no Brasil


O primeiro japonês a fixar residência no Brasil, por circunstancias do acaso, foi um rapaz de 18 anos, inteligente, letrado, poliglota, estudioso e de família nobre.
Ainda adolescente, Otake se matriculou numa escola de lingua inglesa. Seu pai era médico especializado em Medicina Chinesa. Morava no porto de Yokohama, e costumava visitar os navios que ali aportavam, a fim de praticar o ingles. Não demorou muito e já era contratado por eles para servir de interplete.
Em 1889 um comitiva militar brasileira foi visitar o Japão. Fazia parte da comitiva o neto do imperador D. Pedro II, príncipe Augusto Leopoldo. O governo do Japão designou um jovem de 18 anos, Wasaburo Otake para as funções de interprete na recepção dos brasileiros. A língua comum seria o inglês, que Otake dominava bem. Otake não sabia falar o português.
Augusto Leopoldo se simpatizou com Wasaburo, e convidou-o a visitar o Brasil, acompanhando a comitiva na viagem de volta. O convite foi aceito, e partiram todos de volta ao Brasil. Entretanto, durante a viagem de volta, em 15 de novembro de 1889,  foi proclamada a república no Brasil, e a familia real foi exilada para Europa. Leopoldo teve que deixar a comitiva em Colombo (Sri Lanka), onde dali seguiria para Europa a fim de se encontrar com sua familia real.  Não podia mais pisar em solo brasileiro, donde seria expulso.

Wasaburo Otake (1871-1944)

Wasaburo ficou então sem o seu protetor, no mato, ou melhor, no Brasil, e sem cachorro. Não era mais “amigo do rei”.  Teve que se virar, pois a viagem da volta não existia mais.  Wasaburo contou com a ajuda do almirante do navio que o trouxe, Custodio de Melo, que lhe deu apoio na sua estadia. Matriculou-se na Escola Naval, e em 1893 formou-se como maquinista de navio comercial. No ano seguinte matriculou-se na Escola de Engenharia Naval, mas não conseguiu se formar.
Seu protetor, Almirante Custódio José de Melo, a esta altura Ministro da Marinha,  se envolveu na Revolta  Armada de 6 de setembro de 1893, um movimento para derrubar o presidente Floriano Peixoto.  Derrotado e destituido do cargo, Custodio de Melo caiu em desgraça novamente e Wasaburo perdeu suas regalias.
Wasaburo teve então que deixar o curso de engenharia, e foi trabalhar como mecânico numa fábrica de tecidos no Rio de Janeiro.  Posteriormente mudou-se para São Paulo, para trabalhar num empresa americana de colonização.


Wasaburo Otake foi o primeiro japones diplomado no Brasil. 

Wasaburo Otake foi o primeiro japonês a fixar residência no Brasil, pelo menos com prova documental. Se existiu outro japonês antes dele, não deixou nenhum registro. Não há nenhum vestígio, por menor que seja de que um dos cinco japoneses que pisaram no Brasil em 1803 tenha fixado residência no nosso país.
Em 1896 inicia-se a Guerra Sino-Japonesa e  Wasaburo decide retornar  ao Japão, a fim de servir o país de alguma forma. No ano seguinte foi inaugurada a primeira embaixada brasileira no Japão e Wasaburo foi nomeado interprete da embaixada, função que exerceu até 1942, pouco antes de morrer.
Ajudou na organização da viagem do Kasato Maru, de 1908, trazendo a primeira leva de imigrantes ao Brasil.
Otake foi um grande lexicologista, foi o autor do primeiro dicionário moderno portugues-japones (“Powa Jiten”), em 1918, já no Japão. Era um livro praticamente obrigatório nas malas dos imigrantes ao Brasil.
Em 1925 publicou o dicionário Japones-portugues, em romaji (caracteres romanos).
Dicionário de Wasaburo Otake
Dicionário de Wasaburo Otake

 
Pelo seu esforço e dedicação, por quase a vida toda, às relações Brasil-Japão, Wasaburo Otake é um dos grandes heróis da história da imigração japonesa ao Brasil.
Apesar de Otake se declarar autor do primeiro dicionario japones-portugues, já existia uma edição anterior, porem muito antiga e desatualizada. Trata-se do “Vocabulario de Lingoa de Iapam”, um dicionario extenso (32 mil verbetes), compilado por missionários jesuitas, e editado em 1603.
 
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Posteriormente, uma nova dicionarista lançou no Brasil dois dicionários. Já era tempo, pois entre a edição de Otake  estas novas publicações, transcorreu-se uma longa lacuna de tempo. Já era hora de uma publicação mais atualizada. Trata-se da dicionarista Noemia Atsuko Sakane HInada, que lançou as seguintes obras : Dicionário Português-Japonês Romanizado (co-autor: Shigueru Sakane, Editora Casa Ono, São Paulo, Brasil, 1986) e -Dicionário Japonês-Português Romanizado (Editora Kashiwa Shobo, 1992). 






Um comentário:

  1. boa noite, otima pesquiza, parabens , tenho alguns livros a venda em : https://livrariaoriental.com.br/ obrigado

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