segunda-feira, 6 de junho de 2016

Eugenia–o bem nascer

 

Na década de 1930 foi, no Brasil, muito debatida a questão da imigração, com a opinião publica e autoridades fazendo severas restrições à etnia japonesa. O assunto eugenia, o ser ou não ser “bem nascido”, a comparação entre etnias, em suma, o racismo estava em moda em todo o mundo. Neste contexto os judeus europeus foram os maiores prejudicados ; e no Brasil foram os japoneses e chineses, o que afetou negativamente os processos de imigração.

As autoridades (em especial políticos, militares e agentes da polícia)  e alguns brasileiros influentes (jornalistas e alguns escritores) consideravam, com alguma preocupação, que o povo brasileiro era composto de uma miscigenação nada favorável a eugenia, pois viam os ex-escravos e índios como “raças inferiores”. Para “melhorar” esta situação tinham preferencia em introduzir o imigrante europeu, vistos como indivíduos fortes e altos, capazes de “melhorar e embranquecer a população brasileira”. Diante deste quadro consideravam o japonês e o chinês, fisicamente fracos e de baixa estatura, o que iria piorar a situação.

A Assembleia Nacional Constituinte de 1933 desejava o “embranquecimento” da população brasileira, e os parlamentares demonstravam larga preferencia ao imigrante europeu. Havia sérias restrições à etnia japonesa e chinesa. Os deputados Artur Neiva (Ba) e Antonio Xavier de Oliveira (Ce ), pediram o fim da imigração dos “aborígenes nipônicos”.

A aversão ao japonês e ao chinês é bem antiga, e foi um dos primeiros assuntos a serem tratados pela República . Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente sancionou uma lei proibindo a entrada dos “indígenas da Asia e da Africa”, através do Decreto, que segue :

Decreto nº 528, de 28 de Junho de 1890

Regularisa o serviço da introducção e localisação de immigrantes na Republica dos Estados Unidos do Brazil.

O Generalissimo Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do Brazil, constituido pelo Exercito e Armada, em nome da Nação:

Considerando a conveniencia de regularisar o serviço da immigração na Republica, de modo que os immigrantes tenham segura garantia da effectividade dos auxilios que lhes forem promettidos para o seu estabelecimento;

´..... ..... etc .... etc ...

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PARTE PRIMEIRA

CAPITULO I

DA INTRODUCÇÃO DE IMMIGRANTES

Art. 1º E' inteiramente livre a entrada, nos portos da Republica, dos individuos válidos e aptos para o trabalho, que não se acharem sujeitos á acção criminal do seu paiz, exceptuados os indigenas da Asia, ou da Africa que sómente mediante autorização do Congresso Nacional poderão ser admittidos de accordo com as condições que forem então estipuladas.

Art. 2º Os agentes diplomaticos e consulares dos Estados Unidos do Brazil obstarão pelos meios a seu alcance a vinda dos immigrantes daquelles continentes, communicando immediatamente ao Governo Federal pelo telegrapho quando não o puderem evitar.

Art. 3º A policia dos portos da Republica impedirá o desembarque de taes individuos, bem como dos mendigos e indigentes.

Art. 4º Os commandantes dos paquetes que trouxerem os individuos a que se referem os artigos precedentes ficam sujeitos a uma multa de 2:000$ a 5:000$, perdendo os privilegios de que gozarem, nos casos de reincidencia.

....... etc ...... etc

....

Sala das sessões do Governo Provisorio, 28 de junho de 1890, 2º da Republica.

Manoel Deodoro da Fonseca. Francisco Glicerio.

 

Folha da Manha
Uma publicação do jornal Folha da Manhã, de 10/10/1925 refletia o sentimento anti-niponico da epoca. Um empregado com feições niponicas é descrito como “raça inferior” e “povo a civilizar-se”. Retrata ainda o japones enganador, bebendo durante o expediente, enquanto o “empregado nacional” trabalha afinco.  Sugeria então que o empregado brasileiro ganhasse melhores salários e gozasse privilégios.

Quisto Japones
A aversão ao japonês era presente até mesmo nos altos escalões, como no Ministério da Relações Exteriores. Neste telegrama de 1946, há a citação “…estamos a braços com o quisto da emigração japonesa e não desejaríamos agravar nossa situação…”.

 

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