sábado, 6 de junho de 2020

A expulsão dos imigrantes japoneses do litoral


A expulsão dos imigrantes japoneses do litoral


(Segunda Guerra Mundial)
Reportagem – Folha da Manhã, edição de 09/07/1943.
(Este post é apenas uma curiosidade, sem qualquer intenção de contestação, julgamento, etc)

      A História do Brasil que foi ensinada aos da minha geração, no ginásio e colégio, era bem florida, enaltecendo nossos heróis, contando nossas vitorias, etc, tinha um contexto moldado pelo então Regime Militar, que na época enaltecia (com razão) o sentimento de patriotismo. Porem alguns esqueletos foram esquecidos no armário, como foi o episodio da expulsão dos imigrantes japoneses, italianos e alemães do litoral do Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial. 

      O motivo dessa expulsão foi absolutamente absurda, surreal. Os militares brasileiros temiam que navios do eixo invadissem nosso litoral, e os conterrâneos daqui os guiassem de alguma forma o desembarque de soldados. Chegou-se a afirmar que eles iam a noite, nas praias,  guiar os navios e os submarinos com sinais feitos com lamparinas de querosene (!). Naqueles tempos, sem porta-aviões e outros  apoios logísticos, era praticamente impossível um navio de guerra chegar ao Brasil, partindo da Alemanha, Itália ou Japão. Além disso, os imigrantes eram praticamente todos agricultores, nenhum executava atividade de pesca, ou seja, não tinham barcos nem pratica nenhuma em navegar.

      Como foram poucos os italianos e alemães que se instalaram no litoral, praticamente todos os expulsos eram japoneses.

      No litoral do Parana, os japoneses da Colonia Kakatsu, atual Colonia Cacatu, foram também expulsos, trazidos para Curitiba. Quem é descendente sabe, os imigrantes japoneses não gostam e evitam falar sobre esse tipo de assunto.

      Há algum tempo, resolvi pesquisar esta historia esquecida. Seguindo algumas pistas, cheguei ao acervo da Folha de São Paulo, e consegui localizar algumas reportagens sobre o a expulsão. A primeira reporatagem, é essa, sobre a expulsão dos japoneses do litoral do estado de Sao Paulo : 


Essa é a primeira reportagem, abaixo, para facilidade de leitura, segue transcrição :

     

“Com o intuito de colher novas informações sobre os trabalhos de expurgo dos súditos dos países do “eixo”, do litoral do Estado (de São Paulo), a reportagem da “Folha da Noite” esteve ontem, a noite, na Superintendência de Segurança Politica e Social ,  encontrando o sr. Augusto Gonzaga, delegado de Ordem Política, no seu gabinete de trabalho.  Inteirado da nossa missão, o delegado de Ordem Politica nos adiantou que os trabalhos realizados pela policia estavam seguindo o curso traçado pelo superintendente da Segurança Politica e Social, segundo as autoridades ora destacadas na zona litorânea informaram. A parte sul, continuou S. S., já foi percorrida ate Itanhaen pelo sr. Tavares de Carmo, delegado Regional de Santos. Os serviços de transporte dos súditos do “eixo” estão se processando regularmente pela ferrovia, tendo chegado a esta capital numerosas famílias que estão sendo recolhidas no prédio da Imigração (Hospedaria dos Imigrantes) até ficar estabelecido o local em que cada uma dessas famílias deve residir no interior do Estado.

      A propósito do tempo gasto com a preparação do expurgo, o delegado da Ordem Politica nos declarou o seguinte :

      “Logo que assumiu o exercício da Supererintendencia de Segurança Politica e Social, há cerca de seis meses, o major Hildeberto Vieira de Mello teve sua atenção atraída para o problema de existência de numerosos súditos do “eixo” localizados na zona litorânea.

     De acordo com o resultado das averiguações “in loco” e estudos que vinham sendo feitos desde a administração anterior, constituía esse problema assunto de alta relevância, reclamando pronta solução que viesse acautelar os interesses da segurança nacional.

      Sem perda de tempo, o major Vieira de Mello expediu instruções para que todos os referidos estrangeiros fossem intimados a mudar-se do litoral, dentro do prazo razoável que lhes foi marcado.

      Muitos obedeceram prontamente, outros, porem, valendo-se do prazo de tolerância que lhes fora concedido, permaneceram.

      Agora esgotado o prazo, e tendo em vista as conveniências da ordem politica e social, foram adotadas as medidas coercitivas que se impunham para tornar efetiva aquela providencia por parte dos retardatários ou recalcitrantes, consoante já é do domínio publico.

      Tudo foi feito com ordem e não há motivo para qualquer alegação de surpresa por parte dos interessados, que foram prevenidos com bastante antecedência e, só a si mesmo poderão culpar pelo atropelo ou constrangimento, que as ordens ultimamente expedidas poderão estar ocasionando.

      Da parte da Superintendência tudo tem sido feito, para minora esses inconvenientes, sempre sem prejuízo da pronta execução da aludida providencia, que, a bem dos interesses da pátria, não pode sofrer qualquer adiamento ou tergiversão. “

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Imigração japonesa ao Brasil

 

Introdução

Tendo já algum conhecimento no assunto e uma razoavel biblioteca a respeito, resolvi montar este blog. Ele tem mais carater lúdico, pelo menos minha tentativa foi essa, fazer um blog de leitura rápida, com bastante fotos. Não fiz planejamento nenhum, os assuntos foram postados de aleatoriamente.

O blog ficou com cara de almanaque, e acho que era esse mesmo o objetivo; assuntos diversos sobre o tema, com pouca interligação entre eles.

Tendo a maioria dos assuntos retirados da internet, e que esse meio é cheio de meias-verdades, invencionices e suposições, tive o cuidado de filtrar ao maximo as informações encontradas. Este trabalho de checar a veridicidade das informações encontradas foi muitas vezes dificil.

Em geral, as informações neste blog são de trabalhos academicos de estudantes de História, Ciencias Sociais, etc., de livros que apresentam confiabilidade, de sites governamentais,  de museus e de reportagens de jornais de tradição. O  blog tem também uma pitada pessoal, já que sou descendente de imigrantes, e cresci sob forte influencia da cultura japonesa.

E para os que navegam com celular, para facilitar a navegação, fiz um indice das postagens, cujo link segue abaixo.

Meus agradecimentos a Alvorada Autopeças, pela valiosa colaboração na construção deste site.

Boa leitura !

Clique aqui para ir ao indice do blog


Indice1

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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Imigração Japonesa ao Brasil–indice


Para facilitar a navegação, criei este indice. 

Clique sobre o assunto para leitura do mesmo.


Os primórdios da história da imigração japonesa

    

Ryu Mizuno e Kasato Maru


      Ryu Mizuno (ou Rio Midzuno) o "pai da imigração japonesa"


      Kasato Maru - o navio e os planos para o resgate


      Kasato Maru - a lista dos imigrantes, 1908 


      O diário de bordo de Ryu Mizuno


      Reportagem do Correio Paulistano, anunciando a chegada do Kasato Maru


     Reportagem da Tribuna de Santos e o calote de Ryu Mizuno


      O destino dos imigrantes do Kasato Maru


      Casas de café de Ryu Mizuno



Diversos assuntos sobre a imigração japonesa


      A Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo


      Tracoma e imigração


      As tragédias do Wakasa Maru 



      Ibaraki Tomojiro, o monge milagroso do Kasato Maru


      Os pseudos-filhos adotados e os casamentos arranjados



Preconceito, nacionalismo e perseguição


      Eugenia - o preconceito racial contra o japonês


      A proibição do ensino da língua japonesa


      Ditadura Vargas - o nacionalismo do Estado Novo


      Gaijins x Nihonjins - o preconceito pós II Guerra Mundial 





Antecedentes da história da imigração

  

Antecedentes da história da imigração

Imigração japonesa ao Brasil

A preferencia pelos europeus

Em 1819, cerca de 400 chineses vieram ao Brasil (então colônia portuguesa) na qualidade de imigrantes contratados. A idéia da Vossa Majestade D. João VI, que aqui se encontrava refugiado, era introduzir o cultivo do chá no Jardim Botânico na Fazenda Imperial Santa Cruz, no Rio de Janeiro. A essa experiência envolvendo os chineses, seguiram-se outras, e todas acabaram em fracassos.
Chineses no Rio Johann Moritz Rugendas
Chineses no Rio de Janeiro, gravura de Johann M Rugendas
Baseados nesses fracassos com os primeiros imigrantes chineses, e observando-se a experiência dos Estados Unidos (que utilizara chineses na Califórnia), criou-se entre as autoridades brasileiras a idéia de que o asiático (incluiu-se aí os japoneses que sequer ainda tinham presença no Brasil) era uma “etnia inadequada aos interesses do Brasil”. Portanto, até ao desembarque do Kasato Maru, os japoneses não eram benquistos no Brasil. Os argumentos (em parte verdadeiros) eram vários : que os orientais não se fixariam às terras brasileiras, seriam meros aventureiros que aqui chegariam “nús e famintos” para mais tarde se retirarem “bem vestidos e afortunados”; que não aceitavam a religião católica nem a língua portuguesa. Que conservavam seus costumes e comidas, preterindo as nacionais.
Houve quem dissesse que eram “...raças propensas ao uso do ópio e à prática do suicídio”, o que não deixava de ter certa verdade, considerando que a China nesta época era devastada pelo vício do ópio introduzido pelos ingleses, e ainda existia a lembrança da  prática do sepukku (haraquiri) entre os samurais. .
Outros diziam que o asiático “era fisicamente inferior, portanto não estaria apto aos trabalhos pesados da lavoura”.
No entanto, a principal causa desse desprezo aos asiáticos era a preferência pelos europeus. Havia um forte ingrediente racial nesta preferência: a elite brasileira desejava “branquear” a população brasileira, nesta época bastante miscigenada entre portugueses, índios e negros. Entendiam então que os asiáticos, vistos como “raça inferior”, poderia “macular” ainda mais a população brasileira.
Tanto que em 28 de junho de 1890 (pouco depois da proclamação da República), foi aprovado o Decreto número 528, que proibia o ingresso de imigrantes oriundos da Ásia e África. A fim de assegurar os ditames deste decreto, foi estabelecido que a polícia portuária deveria fiscalizar os desembarques. Pesadas multas seriam imputadas aos comandantes das embarcações que desobedecessem tal decreto.
Entretanto, no final do século XIX uma séria crise de falta de mão-de-obra assolou as fazendas de café no interior do estado de São Paulo. Os europeus contratados para tal (principalmente os italianos) não se adaptaram ao trabalho e migraram as cidades ou foram para outros países;  ou passaram a exercer outras atividades. Ouve então grande pressão para que o Decreto 528 fosse revogado.
Diante disso foi sancionada a Lei numero 97 (24/09/1892), de autoria do deputado Monteiro de Barros, autorizando finalmente a entrada dos asiáticos. No entanto, essa mesma lei determinava que o estado não iria subvencionar essa imigração, passando à iniciativa privada todo o trabalho de organizar, prover recursos, recrutar e selecionar imigrantes no Japão e China, recepciona-los e encaminhá-los, providenciar contratos de mão-de-obra entre os fazendeiros e imigrantes, enfim todo o trabalho necessário para se trazer e fixar o imigrante no Brasil.  Apesar desta lei ser promulgada, não havia ainda um tratado formal entre o Brasil e o Japão, estabelecendo relações diplomaticas e regras para reger a entrada de emigrantes e navios japoneses nos portos brasileiros. Isso aconteceu somente 3 anos depois, em 1895.
Outro fato decisivo para a vinda e aceitação dos japoneses foi a proibição na Italia do envio de emigrantes ao Brasil, em 1902. O governo italiano alegou que os imigrantes italianos estavam sendo vitimas de maus tratos e semi-escravidão aqui no Brasil.
A partir do inicio do século XX, surgiram as companhias de imigração no Brasil, e as de emigração no Japão, dando início a história da imigração japonesa no Brasil.

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Os primeiros japoneses a pisar no Brasil

Primeiros Japoneses a pisar no Brasil

Imigração japonesa ao Brasil

Em 1793, um veleiro japonês chamado Wakimiyamaru, partiu de Ishinomaki, porto ao norte do Japão, com destino a capital, Edo (atual Tokyo). A tripulação era de 16 marinheiros, e a carga comercial : arroz, corda, madeira, etc.
Apanhados por um tufão, tiveram sérias avarias no barco, que ficou sem velas e sem leme, a deriva. Após 5 meses vagando em situação de penúria e sem destino, episódio digno desses filmes de sobrevivência, conseguiram chegar a uma das ilhas do arquipélago Aleutas (Russia). Entretanto, o capitão não resistiu e faleceu nesta provação.
Foram bem recebidos pelos habitantes da ilha, e algum tempo depois soldados russos levaram os 15 sobreviventes para uma instalação militar numa ilha, Unalaska, próximo ao Alaska, que na época pertencia a Rússia. Dois anos depois, em 1795, foram levados para Okhostk, onde foram orientados a buscar trabalho e fixarem residência. Porem alguns deles foram enviados a Irkustk, no interior do país, próximo a Mongólia.
Os que ficaram em Okhostk desistiram do local e seguiram para Irkustk, a fim de se reagruparem novamente. Lá chegaram em 1796, porem durante a viagem, um dos marinheiros, Ishigoru, faleceu; reduzindo o grupo a 14 pessoas.
Com alguma ajuda do governo russo, o grupo se estabeleceu em Irkustk, prosperaram trabalhando com pesca e fabricação de sakê.
Tudo ia correndo bem, quando em 1803 foram convocados pelo Imperador Alexandre I a comparecerem na então capital, São Petersburgo. Somente 10 obedeceram a ordem, os demais continuaram em Irkustk.
Chegando em São Petersburgo, foram indagados se queriam voltar ao Japão. Somente quatro marinheiros aceitaram a oferta : Tsudayu, Gihei, Sahei e Tajyuro
No dia 7 de agosto de 1803, a bordo dos navios Nadiezhda e Neva, os 4 partiram do porto de Kronstadt, dando inicio a uma viagem de circunavegação, com destino ao Japão, numa missão diplomática. Revelou-se então o motivo da convocação pelo Imperador : ele precisava de interpretes para a comitiva, na chegada ao Japão. A missão tinha também o objetivo de cartografar as regiões da rota, e reabastecer algumas colônias russas em solo americano.
mapa-mundi
Em 21 de dezembro de 1803 o Nadiezhda ancorou próximo a Ilha do Ainhatomirim, Santa Catarina, provavelmente para reabastecimentos. No dia seguinte, um bote foi lançado às águas e nele embarcaram os japoneses, Tsudayu, Gihei, Sahei e Tajyuro, e mais Zenroku, um japonês que já residia em São Petersburgo antes da chegada do grupo de marinheiros. Desembarcaram no Forte Santana, na então Vila Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis (Sc). Foram esses cinco os primeiros japoneses a pisarem no Brasil, com prova documental.
Forte Santana local

Forte do Santana-Florianopolis Sc
Forte do Santana, Florianópolis, Sc – aqui pisaram os primeiros japoneses a chegar no Brasil

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Wasaburo Otake- o primeiro japones a morar no Brasil

Wasaburo Otake - primeiro japonês a residir no Brasil


O primeiro japonês a fixar residência no Brasil, por circunstancias do acaso, foi um rapaz de 18 anos, inteligente, letrado, poliglota, estudioso e de família nobre.
Ainda adolescente, Otake se matriculou numa escola de lingua inglesa. Seu pai era médico especializado em Medicina Chinesa. Morava no porto de Yokohama, e costumava visitar os navios que ali aportavam, a fim de praticar o ingles. Não demorou muito e já era contratado por eles para servir de interplete.
Em 1889 um comitiva militar brasileira foi visitar o Japão. Fazia parte da comitiva o neto do imperador D. Pedro II, príncipe Augusto Leopoldo. O governo do Japão designou um jovem de 18 anos, Wasaburo Otake para as funções de interprete na recepção dos brasileiros. A língua comum seria o inglês, que Otake dominava bem. Otake não sabia falar o português.
Augusto Leopoldo se simpatizou com Wasaburo, e convidou-o a visitar o Brasil, acompanhando a comitiva na viagem de volta. O convite foi aceito, e partiram todos de volta ao Brasil. Entretanto, durante a viagem de volta, em 15 de novembro de 1889,  foi proclamada a república no Brasil, e a familia real foi exilada para Europa. Leopoldo teve que deixar a comitiva em Colombo (Sri Lanka), onde dali seguiria para Europa a fim de se encontrar com sua familia real.  Não podia mais pisar em solo brasileiro, donde seria expulso.

Wasaburo Otake (1871-1944)

Wasaburo ficou então sem o seu protetor, no mato, ou melhor, no Brasil, e sem cachorro. Não era mais “amigo do rei”.  Teve que se virar, pois a viagem da volta não existia mais.  Wasaburo contou com a ajuda do almirante do navio que o trouxe, Custodio de Melo, que lhe deu apoio na sua estadia. Matriculou-se na Escola Naval, e em 1893 formou-se como maquinista de navio comercial. No ano seguinte matriculou-se na Escola de Engenharia Naval, mas não conseguiu se formar.
Seu protetor, Almirante Custódio José de Melo, a esta altura Ministro da Marinha,  se envolveu na Revolta  Armada de 6 de setembro de 1893, um movimento para derrubar o presidente Floriano Peixoto.  Derrotado e destituido do cargo, Custodio de Melo caiu em desgraça novamente e Wasaburo perdeu suas regalias.
Wasaburo teve então que deixar o curso de engenharia, e foi trabalhar como mecânico numa fábrica de tecidos no Rio de Janeiro.  Posteriormente mudou-se para São Paulo, para trabalhar num empresa americana de colonização.


Wasaburo Otake foi o primeiro japones diplomado no Brasil. 

Wasaburo Otake foi o primeiro japonês a fixar residência no Brasil, pelo menos com prova documental. Se existiu outro japonês antes dele, não deixou nenhum registro. Não há nenhum vestígio, por menor que seja de que um dos cinco japoneses que pisaram no Brasil em 1803 tenha fixado residência no nosso país.
Em 1896 inicia-se a Guerra Sino-Japonesa e  Wasaburo decide retornar  ao Japão, a fim de servir o país de alguma forma. No ano seguinte foi inaugurada a primeira embaixada brasileira no Japão e Wasaburo foi nomeado interprete da embaixada, função que exerceu até 1942, pouco antes de morrer.
Ajudou na organização da viagem do Kasato Maru, de 1908, trazendo a primeira leva de imigrantes ao Brasil.
Otake foi um grande lexicologista, foi o autor do primeiro dicionário moderno portugues-japones (“Powa Jiten”), em 1918, já no Japão. Era um livro praticamente obrigatório nas malas dos imigrantes ao Brasil.
Em 1925 publicou o dicionário Japones-portugues, em romaji (caracteres romanos).
Dicionário de Wasaburo Otake
Dicionário de Wasaburo Otake

 
Pelo seu esforço e dedicação, por quase a vida toda, às relações Brasil-Japão, Wasaburo Otake é um dos grandes heróis da história da imigração japonesa ao Brasil.
Apesar de Otake se declarar autor do primeiro dicionario japones-portugues, já existia uma edição anterior, porem muito antiga e desatualizada. Trata-se do “Vocabulario de Lingoa de Iapam”, um dicionario extenso (32 mil verbetes), compilado por missionários jesuitas, e editado em 1603.
 
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Posteriormente, uma nova dicionarista lançou no Brasil dois dicionários. Já era tempo, pois entre a edição de Otake  estas novas publicações, transcorreu-se uma longa lacuna de tempo. Já era hora de uma publicação mais atualizada. Trata-se da dicionarista Noemia Atsuko Sakane HInada, que lançou as seguintes obras : Dicionário Português-Japonês Romanizado (co-autor: Shigueru Sakane, Editora Casa Ono, São Paulo, Brasil, 1986) e -Dicionário Japonês-Português Romanizado (Editora Kashiwa Shobo, 1992).