segunda-feira, 6 de junho de 2016

Colonia Cacatu - Antonina - Pr





Colonia Catatu (Kakatsu Shokuminchi)

Imigração Japonesa ao Brasi


A primeira colônia japonesa do Paraná



          Em 1916, o prefeito de Antonina, Heitor Soares Gomes (então com apenas 19 anos) solicitou ao consulado japonês em São Paulo que enviassem imigrantes à sua cidade. A intenção do prefeito era promover o cultivo do arroz na região. Foram então arregimentados alguns japoneses que estavam sem trabalho, vivendo na periferia de São Paulo em estado de desespero. Formou-se então um pequeno grupo, que levado a Antonina foi festivamente recebido pelo prefeito e população local, com direito a discursos e apresentação de desfile de banda. Takeshi Hassegawa, designado para comandar essa primeira leva de imigrantes por ser o único a falar português, foi apresentado à multidão como “consul do Japão”, com todas as honrarias. Este grupo instalou-se Quatingá, entre Antonina e Guaraqueçaba. Inicialmente, começaram a trabalhar com o cultivo da banana, em vez de arroz.
Assim deu-se o inicio da colônia Kakatsu, nome aportuguesado para “Cacatu”.

Litoral do Paraná

          Em 1917, Takashi Watanabe, morador do litoral, passou a viajar pelo interior de São Paulo e Minas Gerais a fim de convidar outros imigrantes japoneses a se estabelecerem no litoral paranaense. A essa altura, alguns imigrantes haviam juntado algumas economias, suficientes para a compra de um pequeno lote de terras. Watanabe alegava que ali no litoral paranaense a terra era muito barata e permitia o cultivo do arroz. Conseguiu arregimentar apenas duas famílias, atraídas pelo desejo de morar perto do mar, e também por motivos de amizade. Assim os irmãos Jingoro e Massaki Hara adquiriram 200 alqueires e Mokichi Yassumoto 50 alqueires de terras em Cacatu, Antonina. Foram eles os primeiros japoneses proprietários de terras no Paraná.
          Interessante observar que o fato dos japoneses, a esta época, terem adquirido terras no Brasil, estariam assim fixando suas raízes aqui no Brasil, indicando que o eles já não tinham mais o interesse de voltar ao Japão
      O trio JIngoro, Massaki e Yassumoto foi até São Paulo, e solicitaram à Companhia de Imigração Toyo que trouxessem do Japão algumas famílias para trabalharem nas terras adquiridas.

     O cultivo do arroz na colônia Cacatu não deu certo, as terras não eram apropriadas. Os japoneses passaram então a cultivar banana,  cana e produzir aguardente. Também, por falta de outro recurso, cortavam lenha e levavam a barco movido a remo até Antonina, ondem vendiam a Cia. Matarazzo. A ida era mais fácil devido a correnteza do rio, mas a volta era contra correnteza, o que dificultava bastante. Para facilitar a volta, os japoneses esperavam a hora da maré alta, pois nessa hora a correnteza do rio é menos forte.
Como não poderia ser diferente, o inicio da Colonia Cacatu não foi fácil, com os japoneses enfrentado a malária, a falta de assistência médica, o isolamento (dificuldade de comunicação), os meios de transportes precários, a língua portuguesa que eles não entendiam.
    Apesar de todas as dificuldades, a colônia prosperou, graças a produção de aguardente e banana,  e até mesmo conseguiram alguma produção de arroz. No final dos anos 30, já contavam com mais de 70 famílias japonesas morando no local.
Em 1926 foi inaugurada uma escola municipal, para alfabetizar as crianças e elas terem assim mais contato com a língua portuguesa.

O declínio da colônia Cacatu


A partir de 1937, com o inicio do Estado Novo, o governo Vargas impôs medidas restritivas aos imigrantes. Com o inicio da Segunda Guerra (1939), os imigrantes alemães, italianos e japoneses sofreram preconceito e perseguição. Para o japonês, havia um agravante : com sua fisionomia oriental, era facilmente identificado como “inimigo”.


      Em 25 de setembro de 1942 os japoneses, italianos e alemães receberam ordem do governo para abandonar as cidades litorâneas (Santos, São Vicente, Antonina, Morretes, Paranaguá etc), num prazo de 24 horas. Foi assim que muitas famílias embarcaram no trem ou em caminhões e foram obrigados a deixar Cacatu e Antonina. Vieram todos para Curitiba, onde se fixaram. Ao final da Segunda Guerra, poucos voltaram para Cacatu, esvaziou-se assim a primeira colônia japonesa do Paraná.


Memorial Centenário da Colonia Cacatu


Fontes : “Inventário Turístico Expandido – Atrativos Culturais e Naturais”, editado por Instituto A Mudança que Queremos; “Ayumi - Caminhos Percorridos”, escrito por Seto e Maria Helena Uyeda.
 




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